quinta-feira, 10 de abril de 2014

A solidão nos mantêm humildes


Nascemos sozinhos e assim morreremos, isso não é segredo, mas muitas vezes, essa verdade ontológica permanece inconfessa.
Estamos sempre entre as pessoas, e assim vivemos, com um tiquinho de ilusão e uma pitada de prepotência.
A tecnologia ajuda prá caramba a ofuscar a realidade do abandono, as redes sociais - e eu gosto delas, é apenas uma crítica - escondem escancaradamente a dor da solitude indesejada.

Recentemente, uma delícia, tirei férias, viajei sozinha, e ali estava eu, comigo, completa, preenchida de lugares e pessoas ao redor, poderia não ter ninguém - e muitos dos lugares eram deserto mesmo - mas eu tinha a mim, e bastava.
Ocorre que essa plenitude é transitória e é importante lembrarmos disso, para aproveitá-la completamente, curtir totalmente, e abandoná-la quando ela precisar ir.




Acho que essa felicidade particular, individual, o que chamo aqui de "completude de um", vem mesmo quando nos desapegamos. Ou não, talvez uma coisa leve à outra.

Outro dia eu estava assim, muito diferente da completude de um, eu estava inteira como um deserto no maior dos congestionamentos, sozinha, e eu tinha (só) a mim, e isso - desta vez, não bastou de jeito nenhum.

A alegria incrivelmente subjetiva vem (e vai) sem aviso; porque tantas outras vezes, quando você deseja profundamente "estar com", - e NÃO está -, a solidão te arranca do conforto, te sacode, e nem sequer te abraça depois, te deixa ali, sozinha na multidão.


Andréa Albuquerque, abril 2014.

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