quarta-feira, 30 de abril de 2014

Dê o nome que quiser...mas sinta..!! Enlouqueça, por amor ou paixão, por um instante que seja.


A gente sai por aí, esbravejando declarações, ou as guarda com um aperto no peito, o que, aliás eu nunca entendi, nunca entendi o porquê de esconder o amor. E nunca o fiz. Ele sempre esteve ali, espalhado, bagunçado, confuso, calmo, mas absolutamente dito, de algum modo, sutil ou nem tanto.
Sempre me incomodou a palavra Amor. O que é? O Houaiss define? Ou o Amor é uma espécie de dor dento da gente?
Um medo.
Aí sim...meu Deus, como a gente tem medo de amar, não é?
Porque é difícil mesmo, porque somos egoístas e queremos tuuuudo de volta. Todo o desejo, o carinho, as expectativas atendidas e despertadas...


Nem sei se existe.
Sei o que eu sinto. Não nomeio na maioria das vezes.
Não curto muito esta separação, quase cartesiana, entre paixão e amor.
A impressão que dá que é a partir de algumas semanas, meses, pode ser amor, parece que não pode existir amor de um dia, isso é paixão.
Então deixe-me entender, posso amar meus pais, irmãos, amigos, mas amar um homem, só depois de algumas etapas? Antes disso é paixão?
Caramba, que complicado, parece fase, um jogo, parece que ganho vidas, ganho brigadeiros de Candy Crush quando a paixão vira amor.
B
obagem, dê o nome que quiser, o que sentimos, o que nos enriquece, nos ruboriza, dê o nome que quiser, viva-o, não esconda, ao menos para si.

Aceite o incidente.
Enlouqueça, por amor ou paixão, por um instante que seja.



Andréa Albuquerque, abril 2014

sábado, 19 de abril de 2014

Não, a vida não começa aos 40!


É o tempo de cada um que impera, é o tempo vivido (não o cronológico). É o 'momento oportuno', é kairós.

Não, a vida não começa aos 40! Começa quando a gente nasce mesmo. Desculpe frustrar quem tem essa ideia; a qual é, indubitavelmente confortável àqueles que, assim como eu, chegaram aos 40 recentemente, ou estão em via de.
O que pode acontecer é um novo fôlego, uma retomada de valores, de sonhos, de planos. Mas que não está atrelado necessariamente às quatro décadas, mas ao momento em que se atravessa. Assim sendo, isso pode ocorrer aos 5, aos 14, aos 25, aos 80.
O sentido da vida e os projetos podem - ainda bem - serem ressignificados e retomados a qualquer tempo.

Tem algo mais que a gente (talvez supostamente) conheça e possa atribuir às mudanças da vida? A liberdade. De pensamento, talvez não física ou de atitude, mas a liberdade de se apropriar daquilo que se sente.




A gente busca na vida adulta, a liberdade que uma criança sente. Mesmo que a vida comece bem antes dos 40, dos 60, dos 90. É sempre um recomeço, uma escolha, um aprendizado.


Andréa Albuquerque, abril 2014

Quando a gente diz “PÁRA!”



Estupro não vem por meritocracia.


A impressão que se tem é que assuntos que demandam muito de nós, se esvaem na mesma proporção da intensidade do calor que gera.

Afinal, não suportamos ficar perto do fogo muito tempo, não é?
Que venha o sereno então, que venha a serenidade então.
Mas jamais o esquecimento!

Sabe quando, de brincadeira, alguém segura o nosso braço e perdemos a força?
Dá aflição, né? E isso é momentâneo, e é voluntário.
Ser imobilizado é como receber cócegas, pode ir da brincadeira à tortura.

Ser forçada(o) a algo, é disso que estamos falando. Não sobre o modo se vestir, sobre o modo de agir; mas sobre escolher PARAR. É sobre ter domínio e vontade. 
É sobre sentir-se segura, estabelecer limites, é estar livre de semânticas.
"Não" é NÃO!


527 mil pessoas são estupradas por ano no Brasil (dados Ipea), se fossem 27 mil, 7 mil, 7, ou 1 pessoa, teríamos igualmente de tratar disso.


A pesquisa do Ipea trouxe números exorbitantes e amostragem de compreensão sobre “gostar de apanhar” , de “merecer ser estuprada”.

A mulher, a criança, o homem, é sobre violência que temos de tratar aqui. Sobre a força bruta, machista.

Foram gerações até o voto feminino. Será que serão necessárias gerações para, culturalmente compreendermos o veto ao sexo forçado?

Espero que não! NÃO!
Ninguém merece ser estuprado!


Andréa Albuquerque, abril 2014

quinta-feira, 10 de abril de 2014

A solidão nos mantêm humildes


Nascemos sozinhos e assim morreremos, isso não é segredo, mas muitas vezes, essa verdade ontológica permanece inconfessa.
Estamos sempre entre as pessoas, e assim vivemos, com um tiquinho de ilusão e uma pitada de prepotência.
A tecnologia ajuda prá caramba a ofuscar a realidade do abandono, as redes sociais - e eu gosto delas, é apenas uma crítica - escondem escancaradamente a dor da solitude indesejada.

Recentemente, uma delícia, tirei férias, viajei sozinha, e ali estava eu, comigo, completa, preenchida de lugares e pessoas ao redor, poderia não ter ninguém - e muitos dos lugares eram deserto mesmo - mas eu tinha a mim, e bastava.
Ocorre que essa plenitude é transitória e é importante lembrarmos disso, para aproveitá-la completamente, curtir totalmente, e abandoná-la quando ela precisar ir.




Acho que essa felicidade particular, individual, o que chamo aqui de "completude de um", vem mesmo quando nos desapegamos. Ou não, talvez uma coisa leve à outra.

Outro dia eu estava assim, muito diferente da completude de um, eu estava inteira como um deserto no maior dos congestionamentos, sozinha, e eu tinha (só) a mim, e isso - desta vez, não bastou de jeito nenhum.

A alegria incrivelmente subjetiva vem (e vai) sem aviso; porque tantas outras vezes, quando você deseja profundamente "estar com", - e NÃO está -, a solidão te arranca do conforto, te sacode, e nem sequer te abraça depois, te deixa ali, sozinha na multidão.


Andréa Albuquerque, abril 2014.

COMBATE À HOMOFOBIA - FORÇA PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA HISTÓRIA PLURAL

"Não é uma questão de preconceito, mas você sai para jantar com a sua família e vê dois homens juntos...." 
Acho que nem preciso continuar a frase, um bolo se formou no meu estômago qdo eu ouvi isso, eu estava em um jantar, acho que eu estava cansada demais para discutir, simplesmente levantei e saí. Fui fraca.

Há alguns dias, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) tratou do assunto homofobia, e fez uma conexão desta como uma herança da ditadura militar.

A História no (do) Brasil (se contarmos a partir do ano 1500) é recente, de luta e dor, mas parece que a depositamos em um passado inacessível. 
A História é o que vivemos. O que vivemos não surge 'do nada'; engraçado dizer isso, mas tenho a impressão de que a concepção de que somos historicamente construídos, (SOMOS, e NÃO 'FOMOS') é incompreensível. 
A homofobia não surgiu hoje, não é recente; tratar do tema, estimular discussões acerca do preconceito, da criminalização (PLC122/2006) não é moda, ou não deveria ser. Não pode esgotar-se, ou limitar-se a um núcleo polarizado; o contrário, é a pluralização que deve emergir, e ficar, permanecer em ebulição, porque a fervura é antônimo da indiferença.

O debate é comumente extenuante, mas o cansaço (como o que eu senti) não pode justificar a fuga a ele. Espero não fazer mais isso, e que ninguém o faça.
Falemos!

Andréa Albuquerque, abril 2014.

sábado, 5 de abril de 2014

Paixão

A paixão tem intensidade tamanha que limita o tempo de sua existência.
Como se o fim do instante fosse o preço a ser pago pela sua grandeza.
Mas tempo é subjetivo. E não me parece nada justo ser célere para um, se paixão são dois.







Andréa Albuquerque, abril 2014.