sábado, 3 de maio de 2014

DEIXEM AS ARMAS. TRAGAM O CHÁ, O CAFÉ, AS BANANAS. VAMOS CONVERSAR...

Porque racismo nem sempre é transmitido em HD...

Agora tem a campanha em favor do David, o torcedor que jogou a banana no gramado.
Vimos na última semana a campanha em favor de Daniel Alves, jogador que comeu a banana. Aliás, incrível a atitude!
Esta polêmica já foi longe demais? Não, não foi.
Já falei disso outras vezes, o debate extenua, mas o cansaço não pode nos eximir da discussão.
A agência de publicidade que lançou a campanha "Somos Todos Macacos" acabou por se defender, porque foi gerada uma outra questão, o valor da causa versus o da publicidade.
Dane-se - neste momento - , se alguém está lucrando com isso.
A propósito, eu detesto futebol, acho ofensivo os contratos bilionários, mas se foi neste neste campo que quicou este bola, vamos prorrogar o encerramento da polêmica.
Porque racismo nem sempre é transmitido em HD, é distorcido, velado, ruidoso, aparece num atravessar de rua, na passagem não dada, no fechar das janelas, no sorriso negado, no negro adjetivado, no salário menor em um mesmo cargo, no encargo da cor, no ônus histórico, o qual cabe sim, a todos nós, todos os dias, lutarmos pela sua dissolução.
Lutarmos em cada atitude nossa pela equidade humana, pelo enaltecer das diferenças; sim, diferenças!
Como pode alguém não acolher a diversidade?
Curioso.... a indignação também pode ser preconceituosa, (mas estou sempre indignada!); afinal, cada pessoa tem uma história, uma construção de crenças, uma educação. Cada um habita um mundo, e se esse mundo é estreito, há pouco espaço para o outro, para o que é distinto.
Dois pés na porta certamente abrirão a casa fechada, e já fiz muito isso, acredite. Mas aí mais fechaduras são construídas. Então como tornar mais elástico o mundo de quem destitui de valor a alteridade?
Não parece injusto nós termos de compreender o racista? Sim, parece mesmo. E talvez o seja.
Mas o que emerge ao vermos uma atitude tão cruel, um xingamento, uma agressão, um mundo onde o nivelamento é pelo horror, é uma questão tão difícil, tão desgastada, que é a prática da tolerância. 


Tolerar é coexistir, é estar livre. É respeitar a si e aos outros, é lançar mão da flexibilidade, e num grau muito elevado, é perdoar. Não posso tratar deste tema agora, do perdão, eu não consigo ainda, confesso, uma pena.

Mas certamente o exercício da tolerância a maturidade vivida ajuda bastante. 
É muito fácil para mim, com a educação que eu tive, não ser racista, o grande desafio é compreender pessoas como David, quando a vontade é de bani-lo mesmo para sempre.
Será que o caminho para um mundo mais amplo, de David, de Daniel, seu e meu, não é prática da tolerância em todos os níveis? 

Haja dedicação para tanto, não é mesmo? Até frieza, ou muito calor, muito amor.
Será que, de novo, a minoria terá de ser mais resiliente? Talvez!
Não sei, nem sei se eu conseguiria tamanha tolerância, é um desejo que tenho por um mundo melhor, não pretendo aqui deixar tudo preto no branco, estou tentando criar sombras com algumas luzes, caminhos e nuances, estou só passando a bola....
A discussão não pode parar.


Andréa Albuquerque, maio 2014

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