domingo, 19 de fevereiro de 2012

A garantia do acesso à informação


            Os benefícios resultantes de qualquer pesquisa científica e suas aplicações devem ser compartilhados com a sociedade como um todo e, no âmbito da comunidade internacional, em especial com países em desenvolvimento. (Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos)
          
          A 15 dias de comemorarmos sete anos de pesquisas com células-tronco no Brasil, é de extrema necessidade idealizarmos uma maneira adequada de informar e oferecer suporte psicossocial aos pacientes de doenças degenerativas e a seus familiares. 
          A aprovação da Lei de Biossegurança, mais propriamente o artigo 5º, que trata das pesquisas com células-tronco embrionárias, foi um grande passo rumo a um país com mais possibilidades científicas, tecnológicas, médicas e econômicas.
            Tal aprovação foi um caso emblemático de mobilização social, que teve início no mês de janeiro do ano de 2003, quando a mídia – um elemento de extrema significância no processo democrático – ainda não havia tomado conhecimento de que este assunto, células-tronco, pudesse adentrar na esfera política brasileira.
            Muito embora tateando por acessar um universo ainda desconhecido, centenas de familiares e pessoas afetadas pelas mais diversas patologias, genéticas ou adquiridas, iniciaram ações para que as pesquisas com células-tronco embrionárias fossem aprovadas no Brasil.
            Porque se a maneira de se pesquisar, se a ciência em si, não era de conhecimento desta população, a esperança era uma velha companheira, colada em seus corpos, mentes e corações desde um diagnóstico, um acaso, um acidente automobilístico, um acidente genético, uma bala mirada, uma bala perdida encontrada nas costas de alguém.
            A esperança era, e é, uma língua conhecida e dominada por possivelmente mais de 25 milhões de brasileiros; e as palavras células-tronco e cura ficaram, nos últimos oito anos, muito próximas neste idioma.
            Suspendendo todos os aspectos políticos, jurídicos e econômicos – suspendendo-os e não os eliminando - que compuseram todo o processo da aprovação da Lei de Biossegurança, foi, em grande medida, a mobilização da sociedade civil que fez com que esta lei fosse aprovada.
            Contudo, e é este o tema central sobre o qual devemos nos debruçar, esta população guerreira, foi abandonada.
            O assunto “pesquisas com células-tronco” foi minguando e esta escassez contribuiu para que algo grave e efervescente tivesse início: a oferta de cura e tratamentos não aprovados pela comunidade científica.
            O termo vulgar, charlatanismo, é forte, mas seu significado - exploração da credulidade pública, inculcando ou anunciando cura por meio secreto ou infalível – precisa ser evidenciado para que possa ser combatido.
            Estejamos atentos, entretanto, que a situação atual é muito delicada; a força de vontade de tantas pessoas tem origem na fragilidade em que se encontram, pela deficiência, pela doença, pela finitude evidenciada.

            A esperança é o que move e isso deve permanecer.

            Toda situação de adoecimento comporta uma possibilidade de esperança, sempre; e quando efetivamente não a houver, o paciente haverá de inventá-la, não cabendo ao psicólogo nenhuma intervenção retificadora em nome de uma presumível realidade. Essa esperança deve ser mantida. (SIMONETTI, 2005, p.125)

            Foram a esperança e o inconformismo que deram coragem, criatividade e fizeram de um país católico um local repleto de possibilidades científicas.
            O tabu se desfez, mas a prática da enganação ganhou espaço. Nas comunidades de pacientes na internet pede-se dinheiro para ir à China, à Ucrânia.

            Somente a informação e o atendimento psicossocial poderão propiciar às pessoas com deficiência mais qualidade de vida, a migração a tratamentos inexistentes é muito mais complexo que um problema econômico, além de ser, evidentemente, um problema de saúde pública.
            Proponho que falemos sobre o tema, proposta justificada pela relevância social e porque a falta de informações é, em última análise, uma violação à Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos.

Referências bibliográficas:
Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, Unesco, 2006. Disponível em http://unesdoc.unesco.org/images/0014/001461/146180por.pdf acessado em 30/10/2011

Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11105.htm acessado em 30/10/2011
SIMONETTI, A. 1959 - Manual de Psicologia Hospitalar: o mapa da doença. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.


segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Rumo aos 40


Outro dia estava em uma loja e o rapaz que me atendia perguntou se eu poderia aguardar. Falei: "Claro, não é nenhuma sangria desatada".
 "O quê?", perguntou o rapaz. Repeti, achando que, por conta da confusão, ele não tinha me escutado. Quando ele perguntou de novo percebi que havia escutando sim, mas pela primeira vez!  

E lá foi esta para a minha listinha rumo aos quarenta, 40 anos, lá onde dizem que a vida começa.

Manhã chuvosa de consulta médica...consulta médica pelo visto é um habitué com o fim dos "anos 30". Habitué - essa o rapaz da loja também nunca ouviu, muito provavelmente! Mas como eu ia dizendo, estava na consulta e o médico argumentou da seguinte forma o procedimento sugerido: "Na sua idade é o mais indicado".
Na minha idade o quê, qual? Por que sou muito velha ou muito nova para outro procedimento?
Não quis nem perguntar!

Eu lembro que meus 20 anos duraram muito tempo, não acabavam mais (e nunca reclamei disso!), mas com os 30 foi tão diferente, bateu um medo, uma sensação estranha, medo de fazer algumas coisas e parecer ridícula, medo de tudo passar rápido, e foi justamente, aos 35 que comecei a estudar de novo, fazer outra faculdade, sensação que mais parece uma receita, com vários ingredientes, ora feliz por ter muito mais certeza (não que não haja dúvidas!), ora chateada por ter demorado tanto para esta decisão.

De todo modo é interessante, a gente sente tudo de forma mais real, aprendemos coisas que já vivemos, reaprendemos.

Eu sou muito encanada com esta questão de idade, fico me policiando, vocês têm isso também?

Tomara que com eles, com os 40, venham também mudanças bonitas, mudança de profissão e, espero, menos preocupação com a idade, tomara que venha esta coisa bacana que vemos nos filmes, isso de mulher resolvida!

É isso aí, divertir-se é a palavra! Dia desses um professor comentou que muitos alunos não viram o Ayrton Senna competir! Nunca havia pensado sobre isso, eu que praticamente vi o Emerson Fittipaldi competir!

Não tem jeito, nem volta, tudo parece alertar que os quarenta estão chegando por aí, realmente caiu a ficha!

Caiu a ficha! Esta todos conhecem?

Beijos e mais especiais a toda turma dos “enta”!

Andréa