Hoje recebi uma visita super especial, tudo bem, foi pelo Facebook, modo que eu tanto critico, né?
De toda forma foi muito bacana. Foi de um amigo que não vejo há tanto tempo, um
amigo de luta.
Ele escreveu um livro e pedia meu endereço para o envio de
um exemplar. No mesmo instante, lembrei de tantas coisas que passamos juntos,
apreensões, surpresas boas, fracassos, vitórias. Ainda não li o livro, claro, mas quando li seu
recado: "Tenho como novidade o livro que saiu do forno", fiquei
imaginando se algumas de nossas vivências estariam ali descritas.
Vivências interpessoais fazem cúmplices.
A gente costuma dizer: "você não pode imaginar...",
o fato é que imaginar pode, mas lembrar, rememorar, isso não, isso só os cúmplices
podem, o que os torna íntimos para sempre.
É bonito, e de certo modo um alívio, saber que outra pessoa
compartilhou algo tão forte com você. Parece que uma testemunha nos coloca tão
seguramente numa base, como se pudéssemos dizer "Você viu! Você também
estava lá”; e ouvisse a resposta mais prazerosa do mundo: "Sim, eu vi, eu
também estava lá e estou aliviado que você sinta o mesmo”. Tudo isso porque por
mais que saibamos da solidão a qual estamos destinados, "somos criaturas
intrinsecamente sociais", como diz Yalom¹.
E compartilhar, repartir, torna tudo mais real.
A luta que vivi com este meu amigo – e com algumas outras
pessoas tão queridas – fez parte do trabalho desenvolvido na ONG, parte da
batalha pela liberação das pesquisas com células-tronco no Brasil.
Hoje vemos o resultado deste trabalho, ainda bem! Mas o
rudimento, essencial e elementar, foi uma experiência realmente marcante, pouco
planejada, eu diria, vivida por algumas pessoas com muita intensidade.
Será que alguma dessas vivências estará no livro? Talvez!
Desde já agradeço o exemplar, meu amigo.
Este texto foi escrito porque estávamos juntos lá e,
sobretudo por você ter estado aqui hoje. Que bom!
YALOM, Irvin
D. Os desafios da terapia. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006. (p. 57)
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