Obs.: Texto escrito em Agosto de 2011
Oi, pessoal, tudo bem?
Hoje me dedico especialmente a este texto para o Na Luta.
Fiz uma baita confusão e me atrasei muito. O deadline, aquele prazo que os editores fornecem, ultrapassou mesmo.
Ocorre é que o último mês foi uma loucura, tinha uma cirurgia marcada, a data foi antecipada, e depois, cirurgia suspensa!
Não será mais necessária neste momento.
Ótima notícia!
Calçadas
Além disso, eu saí de férias (leia-se: fugi do frio) e fui para a Califórnia. Estou contando isso porque eu não consigo subir em um ônibus desses urbanos há 20 anos, isso mesmo, a última vez foi quando eu tinha 17 anos e bem mais força nas pernas. Gente, o que são esses degraus nos ônibus? Péssimos. São raros os ônibus acessíveis. Mas lá em Los Angeles, ai, que delícia, lá a gente saca que acessibilidade e liberdade são coisas muito próximas, liberdade é guia rebaixada, é calçada lisinha, é semáforo que indica quantos segundos temos para atravessar, é motorista que pára (mesmo) no sinal vermelho, liberdade é conseguir subir em todos os ônibus, é ter rampa até a praia, é ter banheiro acessível em qualquer boteco, é ter elevador nas lojas mais simples, mas se têm dois andares, tem elevador!
Será que algum dia teremos isso aqui no Brasil? Esta liberdade, esta possibilidade de ir e vir, que existe de direito, mas não de fato?
Hoje eu li que aqui em São Paulo será reforçado o programa de proteção ao pedestre, vamos torcer para que tudo melhore!
Trampos
A inacessibilidade é uma das razões pela qual, ainda hoje, pessoas com deficiência saem pouco de casa, por exemplo, para ir à escola. E ainda muitas escolas usam aquele discurso: "nós não estamos preparados para receber seu filho".
Dentre as conseqüências deste quadro temos baixa qualificação e empregabilidade ainda pior.
E temos também o outro extremo. Muitas pessoas com deficiência não podem trabalhar em empresas sem acessibilidade e tampouco entrar como cotista por serem muito qualificados para tais cargos e/ou salário.
Cotas? Não para cargos gerenciais.
Este disparate precisa, enfim, ser desfeito, mas acredito que serão necessárias algumas gerações e lutas para que tenhamos uma situação em consonância com a demanda; uma realidade mais linear.
De todo modo, vemos hoje, muito coisa bacana acontecer, temos de passar por essas mudanças, este crescimento para o futuro, nosso e daqueles que virão.
Cuidado
Estamos num período de transição (e quando não estamos, não é mesmo?)
Vejamos o caso das pesquisas com células-tronco, nos últimos anos acompanhamos o início de muito estudo nesta área, mas ainda não chegamos ao dia no qual a terapia celular é uma opção corriqueira ou sequer uma opção de tratamento, isso ainda não acontece. (salvo o transplante de medula óssea)
Gente, de novo eu soube de casos de médicos que dizem aplicar células-tronco e cobram por isso. Cada um diz o que quer, o que a gente não pode é acreditar!
Sabe aquela dica de avó de sempre ouvir uma segunda opinião? Precisamos ouvir mesmo, duas, três, quatro. A internet pode nos ajudar tanto, mas cuidado porque esses charlatões têm sites lindinhos também! O fato é que não é tão difícil separar o joio do trigo, vou deixar no final do texto alguns sites que gosto bastante, onde dá para pesquisar e saber um pouco sobre o que está acontecendo em relação às pesquisas com células-tronco, de verdade.
Despedida
Já faz mais de seis anos que o direito de se fazer pesquisa científica com células embrionárias foi conquistado, e ainda me emociona. Quando entrei nessa de batalhar pela liberação das pesquisas com células-tronco embrionárias no Brasil, falar sobre isso parecia que se estava ofendendo alguém, ou que se desejava fazer coisas de ficção científica, tirando meu exagero, era quase isso, ninguém conhecia nada sobre o assunto.
Por esta razão tenho muito orgulho do trabalho da Movitae. Por hoje o assunto células-tronco ser mais conhecido, em diversas esferas, na educação, na imprensa, na política, na legislação. Hoje pesquisadores brasileiros podem trabalhar com mais material que antes, e com isso milhares de famílias podem, no futuro, ter mais saúde.
Possivelmente nada, nada disso seria uma realidade se não tivesse havido a persistência do movimento social.
Eu conheci o Na Luta por meio do Sr. Hermano Vianna, companheiro de luta, guerreiro durante o processo pela liberação das pesquisas, foram vários anos e quatro instâncias. Vencidas!
E por isso tomo a liberdade de através deste texto agradecer a cada família que esteve ao meu lado, a cada pessoa, principalmente à minha família, que aguentou tanta coisa; e me despeço com a
tranquilidade de ter feito o máximo, e com a certeza de que muita gente boa batalhará por ainda mais avanços.
Foi uma honra imensa exercer este trabalho.
Outro dia eu li que: saber a hora de parar e tão importante quanto lutar por aquilo que se ama.
Um beijo,
Andréa
andreabalb@gmail.com
PS: Texto publicado no informativo Na Luta - Edição 16 - pág. 16
http://www.paralamasforever.com/naluta.htm em Agosto de 2011
Sites/blogs que indico: