São Paulo e Rio de Janeiro, onde ponte aérea é pleonasmo, eixo de estreias, teatros, palcos de tragédias. Duas cidades belas, confusas, ricas e barulhentas.
Sampa e Rio, iguais pelos estados de mesmo nome de suas filhas metropolitanas, e filhos que não estão mais...
Iguais pelos estados tristes de duas mães, e tantas outras órfãos de seus filhos
Sampa, Rio, cidades de ambiguidades, porque também são pobres e abrigam o silêncio que vem quando a vida se vai.
Cai um helicóptero, voa uma bala, morrem no mesmo dia Thomaz e Eduardo... dois brasileiros, dois meninos para suas mães, acaso, descuido, um mundo os separa, brasis em fenda tão vertical.
Cai do céu o que seria para voar bem, e o chão some, a dor consome, apaecem a raiva, a injustiça, o lamento.
Sai da arma o que era para cessar o perigo, o mal, e o chão some, a dor consome, aparecem a raiva, a injustiça, o lamento.
Quem a presidente visita? O que é certo? Qual a agenda mais diplomática?
Thomaz e Eduardo... nascidos diferentes, e quem há de negar que o destino os uniu de algum modo, ceifando suas vidas e possibilidades?
Um garoto do morro, outro do Palácio, um leva a vida de ouro, outro entre o tolo e o dolo. E o mundo leva daqui a vida dos dois.
Que venham muitas análises, inevitáveis e necessárias, pois muito se precisa mudar.
Qual a chance deste menino entrar em um helicóptero, e por que o outro garoto estaria no complexo do Alemão?
De quem eu falo agora? Pois é, tanto faz, Lu e Terezinha choram, e precisam, ambas, de colo, porque nenhum filho deveria deixar de ter um, e nenhuma mãe deixar de ter um filho para oferecer.