domingo, 2 de novembro de 2014

Como permanecer..de algum modo?

Em seu livro "De frente para o Sol", Yalom nos desafia a ir ao encontro do que, tantas vezes, tememos; o título remete ao belo (e real) pensamento de Le Rochefoucauld, de que "nem para o sol, nem para a morte, nós conseguimos olhar fixamente". (ou pelo menos, não por muto tempo).
Contradizendo um pouco isto, a lucidez da minha mãe acho que lembra mais a poesia de Raulzito "O caminho do risco é o sucesso. O acaso é a sorte. O da dor é o amigo
O caminho da vida é a morte!"

Não ser egoísta, doar-se, ajudar, pensar no próximo...
Não lembro de ensinamentos vindos da minha mãe que não tenham como base, o fato de preocupar-se com o bem das pessoas. 
Ela faz isso, sempre fez isso e pelo visto continuará fazendo...

Estou certa de que todos os seus seis filhos têm isso muito arraigado. 
Caso contrário não teríamos compreendido perfeitamente sua decisão, e assinado, nós seis, o termo de declaração de vontade e testemunho de doação voluntária de corpo para estudo anatômico.

Doação de Órgãos (galera, bora doar! é importante deixar isso claro para a família) é quase óbvio para a gente...  mas a minha mãe foi além, e declarou (registrado em cartório) a doação do corpo para o Departamento de Anatomia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP. 

A proposta é incrível e até minha mãe falar sobre o assunto, eu desconhecia.
Quem nunca pensou sobre isso, sobre a vida, o depois... por que não?

Ótima semana, ótima existência!!
Déia

Saiba mais clicando na imagem:




Dia 02/11

Eu odeio chorar, porque entope o meu nariz, mas se a gente não chora, fica tudo meio sufocado mesmo.
Hoje é feriado de "finados"...estranho...aquilo que não existe mais, que faleceu, aquilo que falta, que expira.
Apesar de ter 'caído' em um domingo, o feriado sempre tem um quê de celebração, talvez comemorar o dia de finados não seja bem o termo, muito embora existam belíssimos festejos, como o "Día de Los Muertos", no México, quando os mortos têm permissão de vir à terra visitar os entes queridos.
Quem dera...
Caramba, a saudade fica nos espiando o tempo todo, e as vezes dá o bote, como uma cobra paciente, que aguarda um passo inseguro no mato alto.
Da psicanálise freudiana às mais novas descobertas da neurociência, do ceticismo secular às crenças ao sobrenatural, da elevação dos espíritos àqueles que acreditam ao nada depois daqui, certamente explicar-se-á, um dia, porque dói, no meio do peito, a falta de quem não volta mais.
A emoção não tem preconceito, ela não tá nem aí para o que você acredita, ou não acredita, ela te espreme tanto num abraço solitário, que salga o rosto, com a água dos olhos.

Ao meu pai.
Andréa Albuquerque.