O prazer é algo que se passa em cada um de nós, apenas. Embora tenhamos a necessidade de compartilha-lo, embora muitas vezes sentimos prazer porque outra pessoa está, por exemplo, feliz, o prazer é algo que sentimos muito individualmente.
O prazer gratuito, aquele que acontece sem qualquer esforço é igualmente interessante, ou melhor, igualmente prazeroso. Bom, “igualmente” pode ser contestado, cada um sente a seu modo, mas prazer inesperado é muito bom mesmo.
Tem o prazer pelo qual batalhamos, uma nota boa após ter estudado bastante, ou o prazer ao ver que os números apontados na balança são absolutamente compatíveis com o esforço de uma dieta. Tem o prazer de uma promoção no trabalho, de aprender uma coisa nova, de nadar no mar, de viajar, de ficar em casa, de comer um brigadeiro, uma fruta, de ganhar uma competição, de finalizar uma maratona, de pertencer a algo.
Tem também o prazer vindo como "recompensa", voltando ao assunto “dieta”, tema o qual me sinto absolutamente confortável para falar, porque convivo com esta questão desde que me conheço por gente, uma vida de alegrias, angústias, tristezas e prazer; enfim, se a balança é bacana, podemos ter o prazer de ultrapassar alguns limites ou - vejam como prazer é subjetivo! - de fazer uma dieta ainda mais severa e esperar por números ainda mais simpáticos na balança. Deste modo adiaríamos o prazer imediato, o que, convenhamos, requer esforço, disciplina, maturidade, esse tipo de personalidade tem minha total admiração! Puxa, não é fácil! Assim como o prazer em economizar, isso requer planejamento e foco, vale a pena aprendermos com essas pessoas!
Muito grosseiramente podemos dizer que Freud chamou este adiamento de princípio de realidade, muitas vezes regido por condições impostas pelo mundo exterior a nós. É como se, dada a realidade, procurássemos prazer diante das coisas que se apresentam para nós, e não o contrário. Esta é uma estratégia delicada, pois de um lado temos de fazer planos, querer mais, ter novos objetivos, procurar nos transformarmos, por outro precisamos "curtir" aquilo que temos, que conquistamos, e fundamentalmente, aquilo que somos! É a satisfação daquilo que é real.
Efetivamente transitamos pelos antagonismos da vida. Que bom, porque tão saudável quanto aproveitarmos os prazeres que surgem, por esforço ou surpresa, é lidarmos com os dissabores da vida.
Se me permite uma dica, procure ter prazer com as coisas simples da vida, mas sonhe com as grandiosas!
Se me permite outra dica, procure viver em equilíbrio; e de vez em quando, abandone completamente esta ideia!
Beijos
Andréa
Escrito para - e também disponível no - portal: Uma Mãe das Arábias